População ancestral que viveu no Altiplano colombiano teria sido totalmente substituída há aproximadamente dois milênios
Evidências genéticas encontradas por cientistas sugerem que uma população ancestral, até então desconhecida, viveu no Altiplano colombiano há cerca de 6 mil anos e foi totalmente substituída há aproximadamente dois milênios.
A descoberta, publicada em 28 de maio na revista Science Advances, é fruto de um trabalho conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo cientistas da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e da Universidade Nacional da Colômbia.
De acordo com informações do portal Galileu, os dados genéticos foram obtidos a partir da análise de ossos e dentes de 21 indivíduos enterrados em cinco sítios arqueológicos localizados nas planícies altas ao redor de Bogotá, a cerca de 3.000 metros de altitude. Os mais antigos pertencem a pequenos grupos de caçadores-coletores do sítio arqueológico de Checua, que representam os primeiros colonizadores conhecidos da região.
Segundo os pesquisadores, esses povos teriam migrado do norte e se estabelecido no planalto colombiano, mas, surpreendentemente, seus traços genéticos desapareceram por completo com o tempo.
"Estes são os primeiros genomas humanos antigos da Colômbia já publicados", afirmou Cosimo Posth, autor sênior do estudo. Kim-Louise Krettek, também coautora, acrescenta: "Não conseguimos encontrar descendentes desses primeiros caçadores-coletores das terras altas colombianas – os genes não foram transmitidos".
Esse desaparecimento genético completo é considerado raro, principalmente na América do Sul, onde populações como as dos Andes e do cone sul mostram grande continuidade genética. Andrea Casas-Vargas, da Universidade Nacional da Colômbia, aponta que a substituição coincide com o surgimento de uma nova população, provavelmente associada à introdução das línguas chibchan e de tecnologias como a cerâmica.
Antes de concluir o estudo, os cientistas dialogaram com representantes da Guardia Indígena Muisca — descendentes da cultura Muisca — para reconhecer e valorizar sua herança. "Como cientistas que abordam questões relevantes para as comunidades indígenas na Colômbia, respeitamos e valorizamos a riqueza do conhecimento comunitário", destacou Posth.
